OS ESTIGMAS ASSOCIADOS A PERPETUAÇÃO DO RACISMO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
Por Antonio Rick Farias Oliveir ; Raquel Rodrigues Camelo
“O racismo se manifesta nas suas mais variadas formas durante nossa vida e, com a desinformação que paira sobre essa questão, são desconhecidos diversos aspectos em que se manifesta o preconceito racial”
O racismo se manifesta nas suas mais variadas formas durante nossa vida e, com a desinformação que paira sobre essa questão, são desconhecidos diversos aspectos em que se manifesta o preconceito racial. Essa desinformação não é um desencontro de ideias, é algo proposital, arquitetado para acontecer nessa configuração.
Ademais, a marginalização da população negra é uma ação cotidiana e possui diversas facetas e meios de invisibilidade, pois o racismo é estrutural e se utiliza da naturalização e normalização de práticas discriminatórias para reforçar e perpetuar a discriminação e preconceito racial. Quando, em entrevistas de emprego, características brancas são priorizadas, como ter um cabelo liso e loiro, por exemplo, nota-se a reprodução de estereótipos que mantém os padrões eurocêntricos como socialmente aceitos, onde pessoas negras com cabelos crespos ou cacheados, que utilizam do volume de seu cabelo em penteados como o “Black Power” são descartadas, com alguma desculpa inconsistente.
Além disso, no Brasil para o pequeno grupo de pessoas que integram a elite, onde todos seus membros são brancos, a discriminação é lucrativa, pois enquanto opressores muitas de suas ações são encobertas, fazendo assim a manutenção do status quo. Na sociedade brasileira, negros são a maioria populacional, mas possuem os trabalhos mais precários, os menores salários e, portanto, de onde o grande capital arranca a maior parte do trabalho não pago.
De acordo com Malcom X, militante e ativista pelos direitos dos negros, “Não confunda a reação do oprimido com a violência do opressor”. Essa frase é e nos traz uma importante reflexão sobre a violência sistêmica do Estado para com a população negra, colocando-os sempre em lugares de subalternização. Devido à ausência de políticas reparatórias ao povo negro, é comum a formação de comunidades em locais precários, fruto do processo de gentrificação e expulsão dos mais pobres dos centros urbanos, forçando-os a ir morar nas encostas de morros, em casas sem estruturas adequada.
Nas favelas ou em outros espaços de resistência, vozes ecoam pelo direito a vida digna. Assim, o rap e o funk tem um papel fundamental na denúncia contra o descaso vivido pelos moradores das favelas. As críticas quanto às formas de expressão da arte nas favelas são, muitas vezes, fundamentadas em preceitos racistas.
No Brasil, há uma quantidade significativa de negros descendentes de africanos que foram escravizados pelos europeus no período colonial. O processo de escravização dos corpos negros e lógica racista ao longo do tempo possibilitou o surgimento de diversas ideologias deturpadas que são responsáveis por disseminar a pseudociência e preceitos baseados na classificação e hierarquização dos grupos humanos. É possível perceber que a premissa de que o racismo não é sustentado pelas bases de poder, constitui-se como um frágil argumento que desresponsabiliza as pessoas brancas como agente responsável pela discriminação racial.
Conforme o Artigo 5° da Constituição Federal, “somos todos iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza”. Esse fundamento afirma que todas as pessoas devem ser tratadas de forma igual. No entanto, isso é algo que perceptivelmente não é cumprido já que o país utiliza de padrões e valores degenerados que julgam e condenam o indivíduo por sua cor e classe social. Fato esse que tem como consequência a desigualdade social, expressa no espaço urbano, no ambiente de trabalho e nos espaços públicos onde o preconceito e a discriminação mostram sua fase mais repugnante. Esse conjunto de práticas históricas e institucionais que colocam um grupo étnico como sendo inferior a outro denomina-se racismo estrutural. Essa definição permite a criação de conceitos não cabíveis, como o racismo reverso, que defende haver a recriação deste ato tendo como vítima civis brancos.
Porém, esse pensamento em momento algum contém sentido, já que esse termo demarca que a população negra foi submetida a trabalho escravizado e a maus tratos constantes ao longo dos séculos. Ademais, vale ressaltar que essas ações discriminatórias que surgiram após o ano de 1500 desenvolveram teorias e doutrinas que visavam a exaltação da branquitude como sendo uma raça evoluída culturalmente, socialmente e intelectualmente.
Entre elas se destacam o Darwinismo social e o Evolucionismo cultural, teorias colonialistas que exaltam os valores e normas da elite. Assim, faz-se necessário que o assunto seja debatido nos diversos espaços públicos, não apenas pelas pessoas negras como também por aqueles que possuem tons de pele mais clara, para poder impulsionar e dar visibilidade a voz daqueles que a séculos batalham para não serem silenciados.
Por essa razão, é importante entender que para cumprir o papel de cidadão, não basta não ser racista, isso não é suficiente, pois o essencial é assumir-se como um indivíduo antirracista que possui como objetivo sensibilizar-se e convidar a população para a causa assim como está começando a ocorrer nas escolas, graças as Leis n° 10 639/03 e n° 11 645/08 que obriga a abordagem da temáticas raciais na escola, o que futuramente se efetuado com a devida constância contribuirá para o desenvolvimento de adultos politizados.
Texto: Antonio Rick Farias Oliveira ; Raquel Rodrigues Camelo
Estudantes do segundo ano do Curso Técnico em Administração da Escola Estadual de Ensino Profissional Antônio Mota Filho – Tamboril CE